quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tipos homeopáticos e depressão

Depressão Melancólica de Aurum Metallicum

Uma cólera violenta pela menor contradição ou pelo menor obstáculo.
Sua agitação o impede de dormir.
Corre o risco de descompensar devido a um choque afetivo, um fracasso profissional e pela velhice.
Decepcionado consigo, se sente inferior, se diz incapaz de fazer algo de bom, repleto de amargura. evita conversa.
Se torna descuidado com suas roupas e seus modos, sentimentos irracionais de grande culpa, remorso, auto-acusação, delírio de autopunição.
Desgosto pela vida, amargura, misantropia, desespero, pessimismo.
Desejo de morrer, acha que merece a morte, desejo obsessivo pelo suicídio.
Aurum é o medicamento homeopático mais freqüente nos riscos de suicídio quando acompanhado destes sintomas.

Depressão do Espírito de Arsenicum Metallicum
Sente como se tivesse que fugir para longe.
Gostaria de morrer ou dormir e nunca mais acordar.
Sente tanta preguiça que prefere ficar sentado a ir para a cama.
Triste com lágrimas, mas não consegue chorar, mesmo nos momentos mais dolorosos.
Depressão com exaustão, se sente muito deprimido e aborrecido, quer ficar só com dor no coração.
Mal humorado, não quer ver ninguém.
Tem medo de ser envenenado.
Se aborrece por visões, que lhe provocam choro.

Depressão desesperadora de arsenicum album
Queixas e reclamações do deprimido reivindicador.
Astenia, sinal de esgotamento das possibilidades reacionais do paciente.
Angústia intensa.
Astenia, sinal de esgotamento das possibilidades reacionais do paciente.
Diminuição dos interesses, apesar que persiste o desejo de ter uma companhia, quer ser tratado por um médico.

Depressão oculta de lycopodium
Se recusa a aceitar o medo e a humilhação de uma insuficiência psíquica.
Não querem aceitar o apoio psicoterápico.
Silencioso, reservado, distante e solitário.
Retração e desinteresse.
A angústia (com insônias) e a astenia não permitem negar o desmoronamento depressivo.

Depressão secreta de sepia
Enfraquecimento dos interesses habituais pelo trabalho que é a sua grande paixão, junto com sua religiosidade.
A angústia impede o sono, tornando o dia insuportável de viver.
Perda do impulso vital.

Depressão astênica de calcarea carbonica
Astenia, cansaço desproporcional que não aliva pelo repouso, sob a influência de um estresse, sobretudo de natureza afetiva (luto, problema familiar).
Perda dos interesses habituais
Tristeza e retração social, com sentimentos de incapacidade e de vergonha de não poder continuar trabalhando

Revolta depressiva de nux vomica
Não admite estar com depressão, acha que isto é uma desculpa para pessoas sem força de vontade.
Angústia violenta e astenia contra a qual luta tanto quanto pode.
Doente difícil de cuidar, impaciente, infiel ao médico e aos tratamentos.
Sofre pelo fracasso familiar, profissional, humilhação.

Ameaça depressiva de natrum muriaticum
Tenta negar o sofrimento.
Angústia paralisante com mutismo.
Interrupção no trabalho, ritmo de vida acomodado.
Toda situação de sofrimento (luto, agressão, frustração) pode levar a um estado depressivo.
Tem medo da vida ou pensa no suicídio após um sofrimento amoroso.

Falha depressiva de phosphorus
Astenia profunda atrapalhando qualquer atividade, sonolência diurna, lentidão motoro e ideativa.
Consciência de estar um "morto-vivo".
Instáveis para seguir regularmente um tratamento.
Perda dos interesses habituais.

Depressão trágica de platina
Nada existe, exceto o eu, o pedestal se desmorona.
Desinteresse, nenhum projeto.
Não tolera o fracasso, a menor ofensa. pode se suicidar por insatisfação existencial.

Crises depressivas de lachesis
Angústia em crises paroxísticas
Delírios sobre ciúmes ou misteriosos complôs.
Possessividade afetiva.

Depressão infantil de pulsatilla
Menina ou mulher infantil
Imagina o seu fim, vive por antecipação com os olhos cheios de lágrimas, com pena de si.
Meu caixão será o meu segundo berço.
OBS.: Estes são apenas alguns dos mais de cem tipos homeopáticos sujeitos a depressão.

Homeopáticos para ansiedade

ANSIEDADE (TERRENO ANSIOSO) VER -
Aconitum, Argentum nitricum, Arsenicum album, Aurum muriaticum, Calcarea carbonica, Chamomilla, Cyclamen, Gelsemium, Graphites, Ignatia, Iodum, Lachesis mutus, Lycopodium, Magnesia carbonica, Magnesia muriatica, Medorrhinum, Moschus, Natrum muriaticum, Nux vomica, Nux moschata, Phosphorus, Pulsatilla, Staphysagria, Stramonium, Thuya.

ANSIEDADE QUE MELHORA DEITADO -
MANGANUM ACETICUM 12 DH, 3 gotas por dia.

ACONITUM 6 CH, 3 gotas de manhã e ao fim da tarde –
Ansiedade com agitação, inquietude. Medos vários. Medo da morte com agitação; o paciente chega a predizer o momento exacto da sua morte.

ARGENTUM NITRICUM 6 CH, 3 gotas duas vezes por dia –
Ansiedade com predominância de sintomas emocionais. Ansiedade por antecipação. Pressa; ainda não começou uma tarefa e já a pretende ver terminada. Anda e come apressadamente. Tal como Aconitum, antecipa a hora da sua morte. Tem medo de exames e apresentações, tal como Gelsemium. Tem vários medos, em especial de pontes, elevadores, lugares acanhados. Medo de cair no vazio.

ARSENICUM ALBUM 6 CH, 3 gotas duas vezes por dia –
Ansioso, não tolera a desordem. É excessivamente minucioso. Agitação física. Hipersensibilidade dos sentidos. A agitação exaure-o; quer mudar constantemente de lugar. Muda rapidamente da excitação à depressão – o que chega a ocorrer várias vezes no mesmo dia. Tem medos vários, de fantasmas da morte, de ter um ladrão debaixo da cama, medos estes que agravam ou ocorrem durante a noite. Medo da morte quando está sozinho. É um doente difícil, já que se considera incurável e recusa os tratamentos propostos.

GELSEMIUM 6 CH, 3 gotas duas vezes por dia -
Ansiedade por antecipação. Medos vários. Medo de falar em público, de exames – VER MEDO EXAMES. Ansiedade com tremores, geralmente devidos à exaustão.

IGNATIA 6 CH, 3 gotas duas vezes por dia –
Ansiedade com sensação de constrição na garganta – globo histérico. É um paciente emotivo, sensível, triste. Medicamento eleito para quem perdeu alguém muito especial, ou para os denominados amores não correspondidos (decepção de amor). Ansiedade com desmaios do tipo histérico. Chora e suspira com frequência. Aversão ao cheiro do tabaco.

domingo, 26 de setembro de 2010

Transtorno de Personalidade Borderline?

Hilton Marcos Villas Boas [ psiquiatra ]

Para entendermos o que é o Transtorno de Personalidade Borderline, inicialmente devemos entender o que vem a ser um Transtorno de Personalidade. Os Transtornos de personalidade caracterizam-se por atingirem de uma forma geral, todas as áreas do cérebro, que de alguma maneira influência na personalidade do indivíduo, ou seja, no seu comportamento social, na sua maneira de expressar as emoções e na concepção de ver o mundo. Podemos dizer que os portadores desse tipo de transtorno, possuem uma adaptação inadequada à vida, que normalmente vão acabar, em algum momento, prejudicando a si mesmos e/ou aos que os cercam. Atualmente a melhor maneira de entendermos tais transtornos, além das características acima citadas acima, tidas como principais, é estudarmos os subtipos de transtorno de personalidades patológicas, porque podemos nos deparar, com situações diferentes e até mesmo antagonistas, para tais transtornos. 

Portanto, o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), também conhecido como Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), apesar de poder ser traduzido como “fronteiriço”, necessariamente não se refere à fronteira entre um estado de sanidade mental considerado “normal”, e um estado psicótico. O termo borderline (fronteiriço), é empregado nesse caso em específico, para definir um indivíduo com uma instabilidade constante do humor. 

A sua prevalência na população geral, não é considerada alta, por exemplo, nos EUA estima-se que tal transtorno, acomete por volta de 02% da população, com uma frequência bem maior no gênero feminino.

Os portadores do TPB apresentam um quadro clínico, com uma “riqueza” de sintomas e sinais, dentre os quais relacionamos abaixo, aqueles que consideramos de maior importância para o conhecimento, dos leitores, ressaltando que para um diagnóstico de TPB, não se faz necessário o indivíduo ter todos esses sintomas:

- medo absurdo de ser abandonado (sentimento interno de um exagerado temor, chegando mesmo a ser angustiante, o sentimento de nunca se sentirem sozinhos, rejeitados e/ou sem apoio);  - muita inabilidade ou dificuldade em administrar suas emoções; - impulsividade; - humor exageradamente instável (ansiedade, irritabilidade, auto e hetero agressividade, depressão, ciúme doentio), com flutuações que podem ser de minutos, horas até dias, diferentemente das que ocorrem no Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), que demoram muito mais para ciclarem de um quadro depressivo, para uma euforia; - comportamento autodestrutivo (se: machucar, cortar e/ou queimar); - possibilidade de tentativas de suicídio, sendo nesse transtorno, a tentativa de suicídio mais por um impulso, do que aquela planejada; - mudanças frequentes de: curso, atividade profissional, projetos pessoais, círculos de amizade e de opinião; - autoestima baixa, pois são indivíduos que se acham sempre desvalorizados, com um vazio existencial imenso, incompreendidos e nada do que fazem é bom o suficiente; - a visão de si mesmos é muito complexa, não tem objetividade; - são pessoas de uma imensurável impulsividade; - apaixonam-se fulminantemente, com uma velocidade incrível, assim como também se desapaixonam; - da mesma forma que se apaixonam, desenvolvem uma admiração por alguém, instantaneamente, e na mesma velocidade se desencantam com a mesma pessoa; - são muito sensíveis a qualquer possibilidade de serem rejeitados (qualquer pequena rejeição pode ser um estopim, para um verdadeiro caos emocional); - a confusão criada entre o desejo por alguém, e a não correspondência desse alguém, em atitudes comuns do cotidiano, pode ser o suficiente para um relacionamento muito conturbado, e até para o rápido rompimento do relacionamento, e o rápido envolvimento em um novo relacionamento, com as mesmas expectativas de correspondência; - muito raramente surgem episódios de psicose, como a sensação de estarem sendo satirizados, injustiçados, perseguidos, observados etc.. 

Além dos sintomas acima, vale registrar que os portadores de TPB, em relação população geral, possuem um aumento de risco para terem como comorbidade (outra doença associada): transtornos alimentares (comer compulsivo, bulimia nervosa, anorexia), sexo promiscuo, violência sexual, comprar compulsivo, depressão, transtornos de ansiedade, transtorno afetivo bipolar, abuso de substâncias, violência, abusos e abandonos (devido à impulsividade, que não permite um senso crítico mais acurado, para a convivência com parceiros) e outros transtornos de personalidade.

A etiologia (causa), que origina tal transtorno, assim como nas demais patologias psiquiátricas, não é apenas uma, mas sim um conjunto de fatores (multicausal). A genética, como sempre esta presente, o indivíduo já vem com uma predisposição individual para desenvolver o transtorno, que associada a experiências psicológicas negativas na infância (maus tratos, negligência, abuso sexual, pressão psicológica negativa, órfãos, pais separados) e um ambiente social desfavorável, formam um campo fértil para o afloramento do transtorno. 

O início do TPB, normalmente ocorre com a manifestação dos primeiros sintomas, associado ao final da adolescência e início da fase adulta. 

Quanto à evolução clínica do TPB, podemos considerar que são fatores de melhor prognóstico: uma boa estrutura de relacionamento familiar, profissional, afetivo; socialmente ser um indivíduo participativo de clubes, associações artísticas, culturais/esportivas, igrejas, e outras atividades afins; ausência ou baixa prevalência de auto ou hetero agressividade; ausência de tentativa de suicídio; ser casado; ter filhos e ausência de promiscuidade.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Divórcio de um casal afeta amigos e aumenta o risco de separações


É claro que não é para divorciados se sentirem culpados — afinal, eles têm motivos para não continuar juntos. Mas por que a separação de um casal influi em amigos, familiares e colegas, a ponto de aumentar em 75% a chance de também se separarem? Este intrigante efeito acaba de ser revelado por pesquisa americana que durou 62 anos, sem explicar as causas do fenômeno

por Paulo Sternick*
Logo agora, quando entra em vigor no Brasil a emenda constitucional permitindo o divórcio 24 horas após a divulgação da sentença de separação - antes era necessário um ano -, sai uma pesquisa coordenada pela médica Rose McDermott, da Universidade Brown, em Providence, nos Estados Unidos, iniciada em 1948. Segundo ela, quando um casal decide divorciar-se, ocorre um efeito cascata nas pessoas com as quais convive, sejam colegas de trabalho, sejam familiares e amigos. Nestes últimos, o risco de separação aumenta exatos 75%.

Os pesquisadores não souberam explicar por que a felicidade conjugal dos amigos vai para o paredão, numa espécie - diríamos nós - de desnudamento das convenções, revelação das verdades ocultas, à maneira do radical filme do diretor espanhol Louis Buñuel O Anjo Exterminador. Aliás, outro filme, este mais recente e menos complexo, precedeu as conclusões da universidade americana: quem se lembra de Jantar com Amigos, de Norman Jewinson (74), com Dennis Quaid (56), Andie MacDowell (52), Greg Kinnear (67) e Toni Collette (37) formando dois casais? A fita mostra a turbulência que um casal feliz começa a atravessar após o divórcio dos melhores amigos.

Então, apesar de os americanos serem loucos por uma pesquisa, pode existir algum fundamento na influência. Um casal que se divorcia mostra inicialmente dois elementos óbvios, porém nem sempre percebidos por todos: um casamento pode fracassar e, neste caso, o casal não precisa ficar prisioneiro da infelicidade, tendo a chance se separar. E o pioneiro divórcio do casal amigo funcionaria como uma espécie de senha para a tomada de decisão. No extremo, pode vir o raciocínio dos que estão insatisfeitos: "Se eles podem se separar, por que eu também não posso?"

A influência pode ocorrer em especial se o casal que se separa é visto como modelo de felicidade ou atuava como liderança de um grupo de casais: com a separação deles, as referências desmoronam. Um deles, ou ambos, eram sentidos como personalidades carismáticas e serviam como um elo que mantinha todos juntos, ou de espelho do narcisismo dos casais amigos, que se quebra, deixando a nu o vínculo que os une. Passam a olhar mais para si, a indagar se são felizes juntos, e o sentimento de estar errados pode aumentar à medida que outros casais amigos começam a separar-se.

Mas é preciso refletir e separar o joio do trigo, pois, no complexo mundo das relações humanas, os indivíduos estão o tempo todo se percebendo entre si, "copiando e colando" aspectos alheios. Isso se chama identificação, mas no extremo há o fenômeno da imitação. Por isso é preciso um filtro para discernir as influências: por mais que haja problemas comuns, as relações de casais nunca são iguais. As pessoas têm sentimentos diferentes, capacidades distintas de lidar com as frustrações.

Na separação do casal, são naturais as revelações aos amigos da nova vida de solteiro, a negação do luto e os exageros dos recentes prazeres, o que pode encher os olhos dos descontentes. Os mais vorazes encontram na inveja combustível para se separar também. Mas a pesquisa não mencionou casos em que o casal-estopim das separações, ironicamente, resolve se juntar de novo, nem o efeito disso. A hipótese é suficiente, porém, para notar o caráter pessoal e singular de cada relação: seu destino deve brotar de critérios exclusivos do próprio casal.
* Paulo Sternick é psicanalista no Rio de Janeiro (Leblon, Barra e Teresópolis). E-mail: psternick@rjnet.com.br

Falar mal e excluir o ex da vida dos filhos traz problemas afetivos sérios


A prática imoral de colocar os filhos contra o ex é conhecida como síndrome da alienação parental. As crianças ouvem o pai ou a mãe falar mal do parente a fim de excluí-lo do convívio com o objetivo de romper os laços afetivos. Pequenos que vivem tal situação podem ter crises de angústia e depressão e tenderão a fazer o mesmo com os parceiros amorosos no futuro.

por Karine Rizzardi*
Todo processo de separação conjugal é doloroso. A situação fica pior ainda quando o pai ou a mãe põe os filhos contra o outro a ponto de nutrir ódio por ele. Os psicólogos chamam esse jogo emocional devastador de síndrome da alienação parental, expressão criada em 1985 pelo psicanalista americano Richard Gardner. Em geral ela é praticada por quem tem a guarda do filho. A pessoa lança mão de artifícios baixos, como dificultar o contato da criança com o ex-parceiro, falar mal e contar mentiras com o objetivo de romper laços afetivos com o parente, podendo desencadear crises de angústia, ansiedade e depressão. Motivada por raiva e sentimento de vingança em relação ao antigo parceiro, o manipulador usa os filhos como arma. Além de interferir nas visitas, faz de tudo para excluir o parente da vida da criança e se coloca como vítima do ex- cônjugue, explorando com riqueza de detalhes seus sentimentos negativos e as más experiências vividas pelo então casal. Todo indivíduo que tenta dividir uma família tem dificuldade para reconhecer que os filhos devem ser respeitados como pessoas e que têm o direito de amar e serem amados tanto pelo pai como pela mãe, independente da separação. Muitos homens e mulheres aflitos procuram os consultórios em busca de ajuda para tentar reverter a situação. Felizmente, agora há mais uma forma de evitar essa prática criminosa. Foi aprovado em 7 de julho último o Projeto de Lei 4053/08, que revisa a guarda do pai ou da mãe que cometem esse abuso psicológico contra o filho.

De fato, as consequências psicológicas na criança ou no adolescente são devastadoras. Eles agem com sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor, recusando-se a dar-lhe atenção, visitá-lo ou comunicar-se com ele. Os filhos sentem-se obrigados a pensar do mesmo modo que o parente manipulador, do contrário correm o risco de ser punidos, até com ameaças de abandono. Como são dependentes emocionalmente daquele que os controla, retraem-se e demonstram medo de desagradar ou de se opor a quem devem obediência e, assim, o problema se mantém.

Como se vê, existem ex-parceiros que não têm maturidade para separar uma "briga de casal" de uma "briga familiar". Por isso, é necessário Acompanhamento psicológico familiar urgente para superar o problema. Se isso não for tratado a tempo, os próprios filhos tenderão a ser mais imaturos na área afetiva. Poderão ainda ter problemas com drogas, desenvolver o transtorno de ansiedade e o de pânico e até tentar o suicídio. A principal conseqüência desse desajuste, porém, é que os filhos tendem a repetir no futuro o que aprenderam com pais disfuncionais. Quem sofre com a síndrome da alienação parental deve procurar ajuda psicológica e jurídica.

Já aqueles que provocam tal situação devem se lembrar de que é imoral acabar com a imagem do ex-parceiro. Afinal, tudo na vida é passageiro. Se hoje o filho ou os filhos estão a seu favor, não significa que continuarão no futuro. Em uma separação, os parceiros devem ter atitudes nobres para diminuir a dor mútua. Só é capaz de ter conduta digna quem tem a mente lúcida e amadurecida, pois, como diz Heródoto, "a força não tem lugar onde se precisa de talentos!"
* Karine Rizzardi, psicóloga em Cascavel (PR) especialista em casais, família e em aconselhamento familiar, fez pós-graduação em Psicologia na Chicago University, em Chicago, nos Estados Unidos, e é membro da Associação Brasileira de Terapia Familiar (Abratef). E-mail: drakarinerizzardi@gmail.com

A crise do quarto, não do sétimo ano de casamento


Por Maria Helena Matarazzo*
Dados da ONU revelam que a maioria das separações tem acontecido após quatro anos. Por quê? Uma das explicações é que os casais agora moram juntos antes de oficializar a união e a soma desse período com o de casamento efetivo coincide com o sétimo ano de relação. Outra hipótese é que os casamentos estejam tendo apenas a duração da paixão .
Todo mundo tem seus medos, mas, se você colocar todos num caldeirão e cozinhá-los, vai acabar com um básico, que é o da morte. Morte quer dizer fim, tanto da vida como de um relacionamento, de um casamento. Mas quanto tempo dura um casamento? Por que ele acaba?
Sabemos que não existe casamento sob medida "tanto de altura, tanto de largura, tanto de comprimento . Hoje ninguém tem garantia sobre a duração, nem a certeza de que ele vai ser para sempre. Daí o medo.
Certos casamentos passam por períodos muito difíceis logo no início devido, por exemplo, à falta de preparo de um ou dos dois. Também podem correr riscos por causa de um trauma, um choque violento, como uma morte na família.

Sempre se acreditou e as estatísticas mostravam que a época mais crítica para uma ruptura, é o sétimo ano de casamento, porque, ao longo desse período, os dois vão acumulando raivas, quer dizer, engolindo sapos com ketchup, cobras e lagartos com maionese. Também acumulam tristezas por coisas que o outro fez ou deixou de fazer, sentiu ou deixou de sentir.
Quem na vida não se auto-iludiu? Que não esperou ser compreendido e não foi? Quem não esperou por algo que deveria ter vindo e não veio? Mas essas raivas vão corroendo o tesão, o amor, e essa corrosão pode levar a relação a explodir, ou seja, acontecem brigas violentas em que não se sabe o que vai sobrar. Ou essas tristezas e desilusões vão levando a um ponto de não-escuta, de diálogo impossível, que, por sua vez, pode fazer a relação implodir a raiva se volta para dentro e pode provocar até uma doença.
Uma imagem que me vem à mente é a de uma parede onde se abre um furo e ninguém conserta, depois se abre outro e ninguém conserta e mais outro, e assim sucessivamente, até que um dia, ela desaba. Pensava-se que a época mais comum desse desmoronamento era o sétimo ano. Mas no livro Anatomia do Amor , a etologista americana Helen Fisher revela ter descoberto com base em dados da Organização das Nações Unidas que em 62 culturas diferentes, nas quais as pessoas falam línguas diferentes, usam roupas diferentes, entoam rezas diferentes e sentem esperanças diferentes, a maioria das separações ou dos divórcios ocorre em torno do quatro ano. Ela descobriu também que isso acontece tanto em sociedades em que as pessoas se divorciam com freqüência, como naquelas em que o divórcio é mais raro.
Existem variações, é claro, segundo os costumes e as tradições de cada país. Na Arábia, antigamente, era fácil se divorciar. O marido precisava somente dizer três vezes " eu te repudio num dia em que a mulher não estivesse menstruada e depois fazer três meses de abstinência sexual. O divórcio era revogado se o marido retirasse o que tinha dito ou se o casal voltasse a ter relações sexuais durante os três meses do chamado período de espera.

No Egito e em outros países muçulmanos ainda hoje os divórcios ocorrem mais nos primeiros meses de casamento, porque a família do noivo pode devolver a noiva aos pais quando ela não se ajusta ao casamento. Também o Coração isenta o marido de pagar a metade das despesas do casamento se ele dissolver a união antes de consumá-la com a relação sexual.
Diferenças à parte, desde 1992, quando este dado comparativo de que a maioria dos divórcios ocorre em torno do quarto ano foi divulgado, todo mundo começou a se perguntar " mas por quê? . Ninguém sabe ao certo.
"Os sociólogos dizem que, dos anos 70 para cá, o número de casais que decidiram morar juntos antes de se casar, pelo menos nos Estados Unidos, praticamente triplicou. Muitas vezes, as pessoas vivem juntas dois ou três anos e só então decidem se casar. Ficam casadas aproximadamente quatro e, pelo motivo que for, separam-se. Somando o período que antecede o casamento com o posterior, chegaremos aos famosos sete anos. Na verdade, as relações humanas nascem ou morrem muitas vezes bem antes das legalizações.

Outra explicação que tem sido dada para a tão falada insatisfação do sétimo ano ter se transferido para o quarto é que o casamento agora pode ter apenas a duração de uma paixão. Se uma paixão dura, e geral, de dois a três anos, talvez não seja coincidência que os casamentos estejam durando em torno de quatro, porque sabemos que uma pessoa normalmente leva de seis meses a dois anos para conseguir decidir se separar. Mas nem todos os amantes estão condenados a uniões efêmeras. Num vínculo amoroso existe muito mais do que a paixão. Além disso, cerca de 80% das pessoas que se divorciam voltam a se casar. Muitas acreditam que "re-casar" é deixar a esperança triunfar sobre a experiência. Afinal, quem quer desistir do amor? Ninguém. O que as pessoas querem é saber onde podem encontrar mais amor e com quem e como podem impedir que seu preço seja alto demais.
Maria Helena Matarazzo é sexóloga

Fantasias afetivas dos homens e das mulheres

 

Por Maria Helena Matarazzo
* 
Ela tem fome de amor. Ele, de sexo. Ela quer enlace. Ele não pensa em compromisso. Parecem até seres incompatíveis. Mas seus caminhos se cruzam e há uma vontade irresistível de se encaixar um no outro. Este é o "desafio do diferente".
Homem e mulher têm incríveis fantasias amorosas, pensamentos silenciosos que revelam suas diferenças. O homem sonha com várias mulheres, cada uma mais maravilhosa do que a outra; a mulher sonha com um homem extraordinário, com uma paixão total.

Quando o homem pensa na conquista, tem em mente o ato sexual. A mulher busca romance, envolvimento. A realização do homem acontece no encontro erótico começa e acaba ali. Para a mulher, as coisas não são tão simples, ela quer ser lembrada, fazer-se desejada depois do encontro, no dia seguinte, no outro e ainda no outro...

Para o homem, o tempo passado com sua amante é um tempo livre de preocupações, de mergulho no prazer e no esquecimento. É, além do mais, um tempo recortado no meio do dia ou da noite, com princípio, meio e fim. Já a mulher sente necessidade de amar de modo contínuo e também de ser amada dessa forma.

O homem sabe que para provocar o desejo numa mulher, basta um gesto (desabotoar um único botão), um toque, às vezes, apenas uma palavra. E, uma vez atingido seu objetivo a relação sexual esse encontro pode cair no esquecimento.

Da perspectiva masculina, sentir atração por uma mulher, fazer amor com ela, não significa necessariamente pensar em construir um futuro, constituir família, realizar um grande amor. O ato sexual em si já lhe basta. Talvez sem vínculos, sem acordos, sem compromisso, o prazer seja ainda maior.

Para a mulher, tornar-se assustadora, incompreensível, a facilidade com que o homem se desliga e vai embora, para reaparecer algum tempo depois como se nada de anormal tivesse acontecido. Pois a mulher deseja continuidade, enlace, vida a dois.

E assim seus caminhos se cruzam.
No começo da revolução sexual, adotamos a idéia de que homens e mulheres deveriam se assemelhar em tudo. Agora reconhecemos que, embora eles se pareçam em inúmeros aspectos, também apresentam muitas diferenças.

Para o homem, o prazer sexual vêm antes de tudo, enquanto a maior parte das mulheres diz que necessita da ternura, do carinho, dos toques amorosos mais do que do ato sexual propriamente dito. Matar sua fome de sexo não é tão imprescindível quanto matar sua fome de amor.

Quem melhor explicou esse choque de expectativas, essas diferenças entre o sonho do homem e o da mulher, foi o sociólogo italiano Francesco Alberoni, em seu livro O Erotismo (Editora Rocco). Ele diz que existe no erotismo masculino um anseio inquieto de liberdade, um ingrediente que se opõe ao vínculo, à responsabilidade. Por exemplo, o homem muitas vezes trai a parceira não porque esteja realmente interessado em outra mulher, mas simplesmente para se sentir livre, fora do controle da possessividade amorosa dela.

Albertoni afirma também que o homem procura afastar tudo o que o aborrece, que o irrita. Quer sempre ter o direito de escolher, de presentear, de recompensar quem lhe dá prazer, e de descartar, deixar de lado, esquecer quem não lhe dá. Já o erotismo da mulher é baseado em um desejo permanente de agradar.

Às vezes, de uma relação amorosa, o homem consegue se lembrar com nitidez de apenas alguns encontros eróticos. Para isso, anula, coloca entre parênteses, a história da relação. Quase sempre essas lembranças são visuais e têm a ver com o início da relação. Lembra-se, por exemplo, com intensidade impressionante, do momento da entrega da mulher, da rendição. Já a mulher lembra-se das datas, dos detalhes, do dia-a-dia do amor.

Mas, por outro lado, o homem se envergonha de admitir que ele também tem necessidade de afeto, que teme a solidão e que, tanto quanto a mulher, tem fome de amor profundo.

Muitas vezes, penso que homens e mulheres são imensamente diferentes, até incompatíveis. Mas, apesar de tudo, existe uma necessidade intensa de acoplamento. Nós sentimos fome dessa interação, dessa conexão.

Se homens e mulheres parecem incompatíveis, talvez seja porque eles tenham realidades emocionais diversas e falem uma língua emocional diferente. Por isso, parece mais fácil, às vezes, a amizade entre duas mulheres ou mesmo entre dois homens.

Contudo, uma parte de cada um de nós se sente desafiada pelo mistério emocional do outro e é estimulada pelo conflito inerente às relações entre homem e mulher. Então, mesmo sendo tão difícil o entendimento, os dois continuam tentando.

É isso que poderíamos chamar de "desafio do diferente". Ou seja: apesar dos desencontros, das dúvidas, dos desesperos, existe uma espécie de vontade irresistível de se encaixar no outro.


Maria Helena Matarazzo é sexóloga

Quanto tempo dura uma paixão




Por Maria Helena Matarazzo
* 
Experiência  incomparável, esse poderoso sentimento que nos tira os pés do chão se mantém vivo em geral de dezoito a trinta meses. É um período de expectativa, excitação e incerteza. Depois, ou acaba, ou se transforma em amor.

Paixões sentidas na pele, na carne, a 100 graus centígrados. Paixões que mudam o rumo de nossas vidas, e que há uma entrega total, um abandono de si mesmo nas mãos do outro. Paixões em que se perde a consciência de perigo e a noção de limites. Essas paixões, na fronteira entre a sanidade e a loucura, duram em média dois anos. Talvez nada exista no vasto repertório de experiências humanas que se compare a uma paixão. Quando nos apaixonamos, nos sentimos como se estivéssemos a dois passos do paraíso. Temos uma idéia fixa que nos persegue dia e noite: como conseguir o ingresso nesse estado inebriante de ser tudo para o outro e de o outro ser tudo para nós e depois regressar.
Quando amamos, tudo ao nosso redor muda de valor. No estado de paixão, sentimos a compulsão de negar tudo o que somos, ou já fomos, em troca da experiência extasiante de estar a sós com o outro, de mergulhar em seu ser. Sentimos uma fome sensual, de intimidade e de reciprocidade insaciável. Se dependesse da nossa vontade, a paixão duraria a vida inteira e mais três meses. Vivemos acalentando esse tipo de desejo. Mas os estudos mostram que paixões vividas, não apenas sonhadas, duram de dezoito a trinta meses. Como a vida pode fazer uma brincadeira dessas conosco? Nos leva até o paraíso em prazo tão curto para os amantes, sempre é curto demais e em seguida nos joga de volta à realidade? Ninguém pode viver permanentemente em estado de paixão. O corpo e a mente humanos não suportariam por tempo indefinido esse clima de constante expectativa, de enorme antecipação.

Por que as pessoas se apaixonam perdidamente? No nosso mundo externo sempre existem falhas, buracos, assim como no nosso mundo interno sempre existem carências, vazios. Quando uma pessoa sente aquele vazio interior, tenta preenchê-lo. Uma das maneiras de conseguir isso é colocando alguém dentro de si mesmo. Nessa ânsia e se preencher, às vezes, a pessoa absorve, engole o outro, ou se deixa absorver, engolir totalmente. Por isso, a paixão vai crescendo e rapidamente se transforma e uma monomania, na coisa central da sua existência, na razão de ser da sua própria vida. A pessoa apaixonada vê as coisas deformadas. Fica por demais ansiosa para poder decifrar todos os sinais que o outro lhe envia. Fica por demais apegada para poder realmente enxergar outro. Fica por demais obcecada para poder realmente conhecer o outro. Chega a dizer que o ser amado é tudo, para indicar que os outros não são nada. Imbutida nessa entrega total há também uma exigência de que o outro seja tudo para ela. 
Em vez de se preencher com várias relações de troca, a pessoa apaixonada espera que o outro seja sua fonte exclusiva de gratificação. A paixão é, portanto, uma espécie de prisão paradisíaca. Só que com o tempo esse paraíso pode se tornar insuportável, forte demais, violento demais e isso levar à desagregação.
Na verdade, a maioria das pessoas sabe que são poucas as paixões que se vive na vida inteira. Uma, duas, três. Em geral, dá para contar nos dedos de uma das mãos. Não estou falando de mini-paixões, aquelas que normalmente duram um dia, uma semana, um mês. Estou me referindo a paixões avassaladoras. Todos sabemos quando estamos delirando, mas sabemos também que não podemos viver em estado permanente de delírio. Então, o que fazer? Cronometrar os dias, as horas, os minutos? Fazer contagem regressiva?

Não se deve medir o tempo em que se ama. Só o tempo cronológico pode ser cravado, cronometrado. O tempo subjetivo, não. Todos nós temos um relógio interno que nos diz quanto amamos e em que intensidade. Momentos de prazer, música, ruídos, gestos de ternura, pedaços de conversas, essas coisas não se medem, não têm preço. Quanto vale um sorriso, um abraço? Quanto tempo duram ou ficam gravados em nossa mente um olhar, uma carícia? Quanto vale uma noite em claro? Quando a pessoa desperta desse estado onírico da paixão, o que acontece é que a paixão termina, e isso, em geral, provoca a morte da relação ou, então, uma metamorfose. A paixão dá lugar ao amor e nos transformamos em companheiros. Ser companheiro, segundo os terapeutas norte-americanos Bach e Wyden, significa
"compartilhar os momentos culminantes de toda uma vida, bem como os altos e baixos da existência cotidiana; ser incluído e trazido para o mundo privado dos sentimentos, desejos e temores do outro; importar-se e inquirir sobre o crescimento do outro, seus triunfos e frustrações, o quinhão que lhe coube na vida; identificar e sentir empatia com o seu modo de ser e de crescer; receber suas atenções e ser cuidado por ele ".
Maria Helena Matarazzo é sexóloga

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Netvício

Se a sua vida está mais virtual do que real, você pode ser um netviciado

GISELA RAO
Colaboração para o UOL
  • Getty Images
    Cerca de 10% do total de internautas do planeta são viciados, segundo pesquisadora
No filme “Matrix”, Neo (Keanu Reeves), tem de decidir entre duas pílulas: a azul e a vermelha. Tomando a azul, Neo voltará a uma vida “ilusória”; se optar pela pílula vermelha, conhecerá a fundo o que se pode chamar de realidade. Todo mundo sabe que ele fica com a vermelhinha, mas não é bem o que está acontecendo do lado de fora da telona, onde cada vez mais pessoas ficam “abduzidas” pelo mundo “irreal” Elas são chamadas de netviciados. Segundo artigo da pesquisadora norte-americana Diane Wieland, publicado na revista "Perspectives in Psychiatric Care", cerca de 10% do total de internautas do planeta são viciados na coisa.
Quer mais? Um recente estudo realizado nos Estados Unidos, por uma grande rede de lojas de eletrônicos, Retrevo, descobriu que 48% dos entrevistados atualizam o Facebook ou o Twitter assim que acordam ou antes de dormirem.
Meu reino por uma conexão
O bicho está pegando aqui no Brasil também. “Unknown Blogueira”, twitteira de mão cheia, que não revela o seu nome e tem menos de 25 anos, diz que não tem amizades reais nem namorado. “Eu realmente detesto o real, pelo menos o meu. As pessoas que eu conheço são desinteressadas, só tem gente lerda que não sabe um fio do que as do virtual sabem. Se eu pudesse usaria o botão de excluir/bloquear aqui fora. Essa é uma parte negativa da internet. A gente acostuma a tratar as pessoas como um objeto que, quando você se cansa, simplesmente descarta”, diz.
Alexandre Kavinsky, 38 anos, sócio da I-Cherry (Search Marketing) afirma que passa dez horas por dia conectado. “Mas considere que trabalho com isso, senão passaria só umas nove horas (risos). Casado e com filhos, Alexandre diz que a salvação contra o divórcio é a internet no celular. “Sempre dou um jeitinho de estar com a família, mas sem deixar de espiar a rede”, confessa.
A psicóloga Silvia Pedrosa recomenda cautela no uso da ferramenta. “Vício é ato, um hábito, que na necessidade de repetição forma uma dependência físico-psicológica. E tudo o que é em excesso tende a causar sofrimento, pois gera um desequilíbrio. Fazer parte das redes de relacionamento é saudável na medida em que as pessoas saibam lidar com elas, percebendo que não podem substituir as relações e o lazer do dia a dia”. Para Silvia, se o computador está proporcionando mais prazer do que o convívio com as pessoas é preciso refletir se não vale a pena rever a vida. Para ajudar nessa reflexão, faça o teste aqui.
Fique de olho!
Dorit Wallach Verea, psicóloga, mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em dependência química pelo Instituto Sedes Sapientiae, afirma que a busca pelo prazer nos move, e tendemos a repetir ações agradáveis. Às vezes é nesse prazer que encontramos uma forma de fugir das dificuldades. “O problema é quando o gostar muito se transforma em dependência, e o prazer se transforma em dor.”
Definimos compulsão pela internet quando a pessoa:
  • Passa muito tempo no computador, inclusive perdendo muitas horas de sono.
  • Negligencia suas responsabilidades e necessidades familiares, pessoais e profissionais de forma reiterada.
  • Apresenta prejuízos consequentes do uso patológico da internet.
  • Sente grande angústia ou ansiedade na ausência ou na impossibilidade de estar no computador.
  • Nega, mente ou manipula as pessoas para não ser criticada e continuar mais tempo na internet.
Quatro dicas que podem ajudar a ter mais controle
  1. Seja consciente. A falta de crítica e grande desconsideração quanto aos fatores de risco nos deixam indefesos quanto aos perigos que a internet oferece à saúde integral, ou seja, saúde física, emocional, familiar, social e profissional.
  2. Não espere ter problemas de saúde para tomar atitudes. A visão imediatista e a falta de reforço positivo de curto prazo fazem com que a necessidade em manter comportamentos que favoreçam a saúde seja ignorada.
  3. Fique alerta! O estilo de vida é adquirido dentro do ambiente familiar. Pais ou irmãos mais velhos fumantes, obesos, alcoólatras entre outros, influenciam diretamente na aquisição de comportamentos de risco. O mesmo para a internet.
  4. Cuidado: a falta de supervisão dos pais e mensagens inconsistentes são grandes influenciadoras de comportamentos compulsivos.
Quem ajuda:
- O Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, usa psicoterapia para tratar os viciados em internet. Tel. (11) 5579-1543
- O Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática da PUC atende diariamente os pacientes por e-mail e tem um núcleo que visa estudar o comportamento dos netviciados. Contato: nppi@pucsp.br