sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Religiosidade e problemas cardíacos



Estudos epidemiológicos revelam que a religiosidade pode proteger pacientes cardiológicos, resultando em menores níveis de pressão arterial, de depressão, de mortalidade e de complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Esse tema foi debatido Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo realizado de 29 de abril a 1º de maio de 2010.Acompanhando, por mais de 30 anos, 6,5 mil norte-americanos - controlando as variáveis demográficas, sociais, físicas e comportamentos em relação à saúde -, uma pesquisa internacional indicou que a frequência religiosa, de pelo menos uma vez por semana, reduzia os riscos de mortalidade cardiovascular. Realizado pela Universidade de Duke nos Estados Unidos, outro estudo também discutido no evento avaliou quase 4 mil idosos, e demonstrou que os participantes que frequentavam serviços religiosos, rezavam ou liam literatura religiosa com frequência tinham 40% menos chances de ter hipertensão.
Em mais um estudo apresentado no evento, envolvendo 156 pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, foi demonstrado que pessoas com “religiosidade negativa”, incluindo pensamentos de que Deus o abandonou ou que está sendo punido, apresentaram raiva e dificuldade psicológica no pós-operatório. Além disso, nesses pacientes, foram observados maiores níveis de interleucina-6 - substância ligada à ativação do mecanismo natural de morte celular e citotoxidade -, demonstrando que a “religiosidade negativa” pode estar associada com maior estresse, depressão e mortalidade. Apesar dos resultados positivos de vários estudos, as razões dessa relação ainda não são totalmente compreendidas. Muitos autores apontam para a mediação de fatores como o estresse, e algumas pesquisas mostram a relação da religiosidade com menores níveis de cortisol, proteína C reativa, fibrinogênio e citocinas. Resultados de um estudo em idosos em reabilitação mostram que apenas 8,6% dos pacientes já haviam sido questionados, pelos profissionais de saúde, sobre suas crenças. Entretanto, mais de 90% destes pacientes gostariam que seus médicos abordassem esses aspectos. Ainda são poucos os médicos que abordam a espiritualidade em uma consulta. Algumas dificuldades como a falta de conhecimento sobre o assunto, a falta de treinamento e de tempo são apontados pelos especialistas. Entretanto, os pacientes gostariam que seus médicos falassem sobre sua religiosidade e espiritualidade e relataram, inclusive, que sentiriam mais confiança nos médicos que questionassem esse tema. 




Fonte :: Congresso da SOCESP 29 abril a 1 de maio de 2010

Ansiedade e dor de cabeça



A enxaqueca tem sido associada à varias morbidades psiquiátricas, principalmente transtornos de humor e ansiedade .Dentre os multifatores que desencadeiam a enxaqueca, a ansiedade está entre eles. Mario Peres e colaboradores, neurologistas da Unifesp e Hospital Albert Einstein de S.Paulo afirmam que os sintomas da ansiedade estão muito relacionados a enxaqueca. 
O sintoma de preocupação excessiva e antecipação de sofrimento por problemas emocionais estiveram presentes em 88% dos pacientes com enxaqueca comparada com apenas 40% dos que não tinham dor de cabeça, O diagnóstico de Ansiedade Generalizada (doença da ansiedade excessiva) afetou 50% das pessoas com enxaqueca, comparadas a 15% dos controles sem dor. 
O corpo responde as sensações ruins relacionadas ao transtorno de ansiedade fabricando substâncias de defesa, corticóides, adrenalina, normalmente produzidas em momentos de pânico ou fobias, por exemplo. Os substratos químicos que promovem o bem estar, calma, tranquilidade, e substâncias analgésicas não são transmitidos para o corpo por ocasião de uma ansiedade generalizada gerando uma carência. 
Outros sintomas como irritabilidade, tensão muscular, problemas de sono, cansaço, problemas de concentração, tensão também foram muito frequentes nos sofredores de enxaqueca, em média 85% comparados a 30% das pessoas sem dor. 
Essa mesma equipe relata uma nova espécie de cefaléia chamada pela equipe de cefaléia diária persistente de início súbito (CPDIS) que é uma cefaléia primária crônica diária, que é geralmente considerada como de difícil tratamento. Os autores relatam nove casos (seis mulheres e três homens) de pacientes diagnosticados com CPDIS e transtorno do pânico que foram tratados com medicamentos para ambas as condições. Seis delas (66%) tiveram resposta boa ou excelente. Os autores concluem que o espectro dos transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de pânico, devem ser considerados em alguns pacientes . O tratamento simultâneo de ambas as doenças podem levar a bons resultados 

Curta duração do sono e glicemia





L.Rafalson e colaboradores da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo e demais integrantes do New York Western Health Study estudaram a duração do sono associada a glicemia de jejum (GJ) 
Os participantes eram 1455 pessoas ,com idades entre 35 e 79 anos,início do estudo em 1996, mas somente 68% terminaram o estudo em 2001. Todos os participantes estavam livres da diabetes tipo 2 e doença cardiovascular no início do estudo (1996-2001) mas foram reavaliados no período de 2003-2004. E foi realizado um estudo caso-controle aonde foram comparados 91casos que tiveram glicemia de jejum (GJ) inferior a 100 mg / dL no período basal (1996-2001) e 100-125 mg / dL em follow-up(2003-2004): os 272controles apresentavam GJ menor que 100 mg / dL em ambos os exames. Os 91casos foram pareados individualmente com três controles (somando assim 272casos) em relação ao sexo, raça e ano de registro do estudo. O dado duração média de sono foi categorizada como de curta duração (menor que 6 horas), media (6-8 horas) e longa (maior que 8h). 
Os autores aplicaram as técnicas estatísticas de regressão logística multivariada, que incluíram ajuste para diversos fatores de risco tais como a presença de diabetes, e o fator de risco para sono curto foi em media 3 vezes maior (95% intervalo de confiança de [IC]: variando de 1,05 a 8,59 vezes) em comparação com sono médio. Não houve associação entre o sono longo e GJ: fator de risco médio 1,6 (95% IC:variando de 0,45 a 5,42). Ajustamento para o outro exame que é a resistência à insulina mostrou existe a associação apenas entre os que dormem pouco: 2,5 (95% LC: 0,83, 7,46). 
Os autores concluem pessoas que dormem menos de seis horas por noite parecem não conseguir regular a glicose de forma tão eficiente, aumentando seus riscos de desenvolver diabetes e doença cardíaca.
De acordo com os pesquisadores, essa relação pode estar associada com mudanças hormonais relacionadas ao apetite e ao estresse Estudos anteriores têm mostrado que curta duração de sono resulta em um aumento de 28% na média dos níveis do hormônio estimulante do apetite, a grelina; então, pode afetar os comportamentos alimentares. Outros estudos também mostram que a falta de sono pode reduzir a tolerância à glicose e aumentar a produção de cortisol , hormônio produzido em resposta ao estresse,