quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Automutilação - Reuters


Um em cada 12 adolescentes se machuca de propósito, diz estudo



Por Kate Kelland

LONDRES (Reuters) - Um em cada 12 adolescentes, a maioria meninas, causa autolesões propositais, e cerca de 10 por cento dos que fazem isso mantêm esse comportamento na vida adulta, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira.

Como a autolesão é um dos principais indicadores da propensão ao suicídio, os psiquiatras responsáveis pelo estudo disseram esperar que suas conclusões levem a atitudes mais ativas e prematuras para ajudar pessoas em risco.

George Patton, que comandou o estudo no Centro para a Saúde Adolescente, do Instituto Murdoch de Pesquisas Infantis, em Melbourne (Austrália), disse que as conclusões mostram uma "janela de vulnerabilidade" na fase intermediária da adolescência.

"A autolesão representa uma forma de lidar com essas emoções (da adolescência)", disse ele a jornalistas.

No estudo publicado na revista Lancet, os pesquisadores disseram também que os jovens que se machucam frequentemente sofrem de problemas mentais que exigem tratamento.

A autolesão é um problema mundial de saúde, e especialmente comum entre meninas e moças de 15 a 24 anos. Especialistas suspeitam que a incidência do problema esteja aumentando.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 1 milhão de pessoas se suicida por ano, o que representa uma mortalidade de 16 por 100 mil indivíduos, ou uma morte a cada 40 segundos. Nos últimos 45 anos, os índices mundiais de suicídio cresceram 60 por cento.

No estudo, Patton e Paul Moran, do Instituto de Psiquiatria do King's College, de Londres, acompanharam entre 1992 e 2008 uma amostra de jovens com idades em torno de 15 a 29 anos, no Estado australiano de Victoria.



De 1.802 pessoas que responderam ao questionário quando adolescentes, 149, ou 8 por cento, relataram autolesões. Entre as meninas o índice subia a 10 por cento; entre rapazes, caía a 6.

Moran disse que os principais fatores para o problema parecem ser uma combinação de alterações hormonais durante a puberdade, mudanças cerebrais na metade da adolescência - com o desenvolvimento do córtex pré-frontal, associado ao planejamento, à expressão da personalidade e à moderação - e fatores ambientais, como a pressão dos colegas, dificuldades emocionais e tensões familiares.

Cortes e queimaduras eram as formas mais comuns de autolesões entre adolescentes, mas também apareceram casos de envenenamento, overdoses e pancadas.

Quando os participantes chegavam à idade adulta, no entanto, as taxas de autolesão caíam dramaticamente, e aos 29 anos menos de 1 por cento dos participantes relatavam fazer deliberadamente algo que lhes machucasse ou ameaçasse.

sábado, 12 de novembro de 2011

Entrevista sobre ansiedade - Época Negócios



“Ansiosos colocam o problema na frente do prazer”

Autora da recém-lançada obra Mentes Ansiosas, a psiquiatra Ana Betriz Barbosa conta como controlar a ansiedade na vida e no trabalho Amanda Camasmie





Sempre pensar que nada vai dar certo é uma característica do ansioso, segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa


Você acorda quase todos os dias com a sensação de que algo ruim irá acontecer? Também sempre está com uma constante sensação de tensão, esperando a todo o momento o pior dos mundos? Se a resposta for sim, há grandes chances de que a sua ansiedade esteja ultrapassando os limites. E chegar a esse nível pode significar que em algum momento você começará a se prejudicar no trabalho e na vida – se já não estiver se prejudicando. “As personalidades mais pré-dispostas a serem mais ansiosas são as perfeccionistas e controladoras”, afimou apsiquiatra Ana Beatriz Barbosa, autora do livroMentes Ansiosas - Medo e a ansiedade além dos limites pela Fontanar, um selo da editora Objetiva.


A psiquiatra conta que tonturas, diarreias, insônia e alergias podem ser indícios de que a pessoa está ultrapassando os limites da ansiedade, o que pode levar até a um transtorno do pânico. Além disso, a ansiedade além dos limites passa a sensação de constante tensão. “O ansioso coloca o problema na frente do prazer”, disse a psiquiatra na entrevista concedida a Época NEGÓCIOS.


Em seu livro, a senhora cita que o medo e a ansiedade são como arroz feijão. Por qual motivo eles andam tão juntos?

O medo e a ansiedade são a mesma coisa para o organismo. Qualquer ser humano tem a reação do medo, que é programado para a nossa sobrevivência para enfrentar dificuldades. Quando essa reação surgiu, ela era ligada a uma sobrevivência material, no sentido de caçar e comer. Hoje, nós temos essa mesma reação, mas com um estilo de vida totalmente diferente. Nos dias atuais temos uma reação frente a um perigo, como medo de cachorro e de lugar fechado, por exemplo. Quando se tem ansiedade é a mesma sensação, a diferença é que o indivíduo não consegue identificar o que traz esse medo. Isso provoca no organismo uma reação de perigo, a pressão aumenta, assim como os batimentos cardíacos e a frequência respiratória. O corpo nos prepara para essa reação de ansiedade porque identifica que é a mesma sensação do medo.


Medo: "Sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário"
Ansiedade: "Sensação de receio e de apreensão, sem causa evidente"


*Trecho do livro Mentes Ansiosas - Medo e a ansiedade além dos limites






Mas se fugimos do centro urbano para ir ao campo, isso faz com que fiquemos menos ansiosos, não?

Sim, mas é diferente. Porque você está indo para lá para descansar e se desconectar totalmente do trabalho e não para desenvolver alguma atividade. E não precisa ir ao campo ou à praia para isso. Em qualquer lugar que você esteja, que consiga te tirar desse turbilhão de coisas, vai fazer com que você descanse. É por isso que as pessoas precisam sair de férias todos os anos. Dividir as férias em duas fases seria importante, porque quando você tira o mês inteiro, você desconecta completamente e depois demora a voltar à rotina corporativa. Muitos que tiram um mês de descanso adoecem, porque fizeram uma esticada muito grande. Na verdade, o melhor ainda seria dividir as férias em quatro, ou seja, tirar uma semana a cada três meses.


A forte ansiedade pode levar ao transtorno do pânico. Como não chegar a isso?

É preciso cuidar do corpo. E não é só fazendo exercícios. Beber muita água é importante. O excesso de adrenalina só sai do corpo pela urina. Beber muita água significa que a pessoa está diluindo a substância no organismo e depois eliminando.


É necessário seguir algum tipo de dieta?A cafeína deve ser evitada. Também é bom evitar ficar muitas horas sem comer e nesse intervalo ingerir doces. Fissura por doces é sinal de que a pessoa está com o estresse elevado. Ganhar peso também é um indício. Mas é um aumento de peso diferente, ele se acumula apenas na cintura abdominal, a pessoa ganha barriga.


E o sono?

A insônia é outro sinal, o sono picado é muito típico de alto nível de ansiedade. Sonhar que perdeu a hora, prazos ou arquivos do trabalho também indicam que você pode estar mais ansioso que o normal. Pessoas que ficam muito irritadas, mesmo que não manifestem também são perigosas para si mesmas. E uma constatação interessante é quando a pessoa começa a fazer solilóquio, que é um diálogo interno. A pessoa começa a ficar chata, a reclamar do trânsito, da vida, do trabalho, de tudo e de todos. Quem ouve muito pessoas assim não se pode deixar contagiar. É preciso ficar atento.




Como o profissional pode trabalhar a ansiedade no dia a dia? Essa qualidade precisa vir das empresas. Uma referência importante é o Google. Existe uma flexibilidade de horário que eles trouxeram para o ambiente corporativo. Há locais para relaxar, e isso é fundamental. O trabalhador gasta quase dois terços da sua vida no trabalho, contando o horário de locomoção, então ele precisa de um ambiente agradável. No Google, hora do almoço é hora do almoço. Eles te “obrigam” a dar uma volta e sair um pouco do ambiente corporativo.




E se a empresa não oferece essa qualidade, o que fazer?

Nesses casos o funcionário precisa utilizar técnicas para não entrar na sintonia da ansiedade. Perceba: quais são os sinais que minha personalidade me dá para dizer que estou ansioso? Cada um vai ter um sinal. Pode ser enxaqueca, tontura, diarréia e outros. Quando estou mais ansioso ou sobrecarregado, como os meus pensamentos reagem? É preciso se autoavaliar diariamente. Também é importante priorizar as atividades e não fazer dez coisas ao mesmo tempo. Não adianta acelerar, porque isso não resolve, não é sinônimo de produtividade.


O Steve Jobs foi extremamente ansioso. Ele foi para a Índia meditar e voltou ainda mais ansioso. Pessoas assim se dão bem, mas antes precisam cair.





E se o funcionário sofre muita pressão do chefe?

Um chefe pode reclamar de tudo, mas não de um resultado satisfatório. Como você vai fazer o seu trabalho não importa. Se ele quer controlar a forma como as atividades são feitas, ele é controlador e um mau chefe. Não se pode deixar entrar na ansiedade dele. É preciso ser produtivo, sem ser pilhado. É preciso desarmar e não rebater. Se você entra na ansiedade do seu chefe, perde a produtividade e nesse momento ele vai falar “tá vendo, eu não falei?”.




Os ansiosos também têm dificuldades em aceitar críticas? Antes de receber a crítica, ele já fica com taquicardia. O ansioso precisa entender que se alguém o chama para fazer críticas, é porque essa pessoa aposta em você. Ele precisa aprender a ouvir, aliás, essa é uma medicação fundamental. O ansioso sempre está precipitado em querer dar a solução, mas nem sempre está preparado para ouvir.


Há um lado positivo da ansiedade?

Os ansiosos são as pessoas que dão o “start” para as coisas. São aqueles que anteveem as coisas, já têm um plano A, B e C. Desde que ele não faça isso uma coisa de vida ou morte, isso é muito interessante. Porque são pessoas que costumam se preparar para as intempéries da vida. Mas ele precisa saber que mesmo que ele tenha dez hipóteses, a vida um dia vai exigir a 11ª e ele vai ter que aceitar. Ele precisa entender que haverá situações em que ele não saberá o que fazer. Lembro apenas que esses exemplos se encaixam em pessoas ansiosas que não estão a ponto de adoecer. São pessoas que sabem administrar a ansiedade e admitem que precisam seguir algumas regras, senão extrapolam.


A senhora tem exemplos de pessoas famosas e ansiosas que fizeram sucesso?

O Steve Jobs foi extremamente ansioso. Ele foi para a Índia meditar e voltou ainda mais ansioso. Criou uma empresa e por querer fazer valer suas ideias, foi posto para fora da própria companhia. Foi quando ele aprendeu e entendeu que deveria fazer com que as pessoas acreditassem na sua ideia. Pessoas assim se dão bem, mas antes precisam cair. Toda vez que vi ansiosos caírem e terem a humildade de saber que as coisas não são como eles querem, os vi tendo sucesso.

A senhora diz que uma dose de medo é importante, seria uma forma de proteção quando atravessamos a rua, somos assaltados, etc. É uma forma de nos mantermos vivos. Qual é o limite para a ansiedade no trabalho? A senhora pode citar exemplos? Você pode ter tonturas, o coração dispara. Ou você tem uma diarreia. Pode ter pressão alta, insônia, dores de cabeça e musculares. Cada organismo reage de um jeito e sinaliza que o corpo não está harmônico. São dores e reações que a pessoa nunca teve e passou a ter. Quando a pessoa procura um tratamento, esse corpo já transbordou.




Como saber se sou uma pessoa muito ansiosa?

Personalidades mais pré-dispostas a serem ansiosas são perfeccionistas e controladoras. São aqueles que estão sempre revisando um trabalho e exigindo muito de si e de todos. Essas pessoas, além de adoecerem, podem adoecer os colegas. Para você saber qual o seu nível de estresse no trabalho, além das dores no corpo, é preciso perceber se você está sempre com uma sensação de tensão. É a sensação de que toda hora vai acontecer algo que vai te prender ou que algo negativo poderá te afetar. O ansioso pensa “não vai dar certo”, “será que vai ser bom?”. O ansioso coloca o problema na frente do prazer.




De acordo com o seu livro, um dado que contraria o senso comum é o fato de que o pânico ocorre com igual frequência nos grandes centros urbanos e nas regiões agrícolas. A vida agitada nas cidades então não influencia de nenhuma maneira o pânico e a ansiedade? É errado imaginar que o centro urbano é o culpado por esse aumento da ansiedade. Na área rural também há muitos estressados. Nunca houve tantos conflitos na área agrícola, com pessoas sendo ameaçadas de morte, por exemplo. A produção agrícola passou a ser commodity, tem a preocupação com as pragas, mudanças climáticas e greves. Também é um ambiente de estresse para as pessoas. Mas é preciso lembrar que precisamos de uma dose de ansiedade. Caso contrário, nem levantamos da cama, porque não estaremos ansiosos para realizar nada.

sábado, 29 de outubro de 2011

Vídeo sobre automutilação

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Automutilação - Época


À primeira vista, quando se ouve falar em automutilação ou autoflagelação, a maior parte das pessoas pensa em cenas praticadas por extremistas religiosos. O que poucos sabem é que esse comportamento nem sempre está associado ao fanatismo, mas sim a um tipo de transtorno psiquiátrico um tanto comum.
Jens Stolt
DOR FÍSICA 
Fazer cortes no próprio corpo é algo comum para quem pratica a automutilação
O fenômeno da automutilação ainda é pouco estudado pela psiquiatria, mas algumas pesquisas realizadas em escolas e universidades dos Estados Unidos apontam que 16% das pessoas têm comportamento como esse. Na população como um todo o índice pode ser menor, mas os universos pesquisados são esses porque os adolescentes e jovens adultos são os mais afetados. "O início do quadro se dá na adolescência, entre 13 e 15 anos, às vezes até antes, e pode durar muito tempo. Há casos até de pessoas com 40 anos que praticam a automutilação", diz Jackeline Giusti, psiquiatra do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti), do Hospital das Clínicas, em São Paulo, que realiza uma pesquisa de doutorado com pessoas que sofrem desse transtorno. 

Segundo ela, a primeira agressão contra o próprio corpo costuma acontecer em um momento de raiva ou angústia intensa. Bater a cabeça contra a parede ou dar um soco contra uma porta podem ser os primeiros atos. Depois, começam as queimaduras e cortes com instrumentos como com facas, estiletes, compassos e arame. "Elas percebem ter se acalmado após a agressão, e usam isso para diminuir as sensações ruins", afirma Jackeline. 

A busca por essa sensação de alívio é o motivo mais comum para a automutilação, segundo a psiquiatra, mas algumas pessoas fazem isso para se castigar e outras como artifício para chamar a atenção de familiares. Esses casos de carência, no entanto, são raros. "As pessoas que se automutilam sabem que esse comportamento não é aceito pela sociedade e, assim, agem em segredo", diz Jackeline. É isso que impossibilita muitas pessoas de contar para a família e, principalmente, procurar ajuda sozinhas. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

DEZ MITOS, medos e dúvidas sobre a PSIQUIATRIA - Flávio Tavares

Por que procurar um psiquiatra se meu problema é espiritual? 

Somos seres compostos por uma alma, espírito e corpo. Logo, ainda que estejamos plenamente restaurados do ponto de vista espiritual, somos humanos e podemos ser acometidos por problemas que atingem nossa alma: depressão, medo, angústia, dentre outros. A conversão a fé cristã nos restaura espiritualmente, com uma nova natureza espiritual viva para Deus, entretanto, não apaga instantaneamente nossos traumas do passado, personalidade, conflitos familiares e dificuldades emocionais. Um psiquiatra ou psicólogo pode nos ajudar a melhorar mais rapidamente destes problemas.



Mas, psiquiatra não é médico de louco? 

De fato, o profissional mais qualificado para tratar casos de loucura é o psiquiatra. Entretanto, a psiquiatria é uma especialidade médica ampla, tendo várias áreas de atuação: depressão, ansiedades, fobias, transtornos do sono, transtorno bipolar, distúrbios da sexualidade, transtornos alimentares, demências e dependência química, dentre outros transtornos. Além disso, a psiquiatria é uma especialidade médica como qualquer outra, amparada por estudos clínicos universalmente aceitos e praticados.

Entretanto, muitas pessoas por preconceito deixam de consultar um psiquiatra, fazendo com que doenças de baixa gravidade se tornem doenças graves, prejudicando a recuperação futura do paciente.


Psiquiatras dopam as pessoas com remédio.


No início do uso das medicações em Psiquiatria alguns fármacos tinham elevado potencial sedativo e grande número de efeitos colaterais. Com os avanços da medicina e melhor conhecimento dos transtornos mentais foi possível realizar tratamento com menor número de medicações e efeitos colaterais. Entretanto, todos os medicamentos podem apresentar efeitos adversos, tornando a consulta com um especialista fundamental.


As medicações psiquiátricas viciam e geram dependência. 

Em torno de 80% dos transtornos mentais apresentam manutenção da cura após a suspensão das medicações. Entretanto, alguns transtornos mentais podem demandar o uso contínuo das mesmas. Neste caso, é importante lembrar que não tomar as medicações pode trazer prejuízos em várias áreas no dia a dia do paciente: relacionamentos, trabalho, família, finanças, etc. Importante lembrar que aceitamos com muita facilidade o uso crônico de medicações para hipertensão, gastrite, diabetes, dores, etc., mas, não aceitamos o uso crônico de medicações psiquiátricas, mesmo quando elas trazem grandes melhorias em nossa qualidade de vida.



Como confiar em um psiquiatra se ele não comprova as doenças com exames?


A origem dos transtornos mentais é complexa: fatores genéticos geram uma predisposição que pode ou não evoluir para um transtorno mental, dependendo da personalidade, traumas, conflitos, qualidade de vida, e outros pontos do funcionamento mental do paciente. Essas alterações genéticas e no comportamento geral do paciente não são evidenciadas em exames (tomografia, ressonância e exames de sangue) tornando o diagnóstico psiquiátrico altamente dependente de uma boa entrevista clínica. Eventualmente, um psiquiatra pode solicitar exames por suspeitar que doenças orgânicas estejam causando sintomas psiquiátricos, ou como ajuda no diagnóstico psiquiátrico.


Os psiquiatras mudam e confundem a mente das pessoas.


O objetivo do tratamento psiquiátrico é ajudar as pessoas a terem alívio e melhora, ainda que parcial, no seu sofrimento e funcionamento mental. O psiquiatra não interfere nos gostos e preferências dos pacientes, respeitando profissionalmente suas preferências sociais, espirituais, ocupacionais, sexuais, ainda que possa fornecer auxílio e orientações pertinentes a estas áreas.


Mas tratar com um psiquiatra não é falta de fé ou não acreditar que Deus pode curar?


Creio, particularmente, que Deus pode curar as pessoas. Esta cura pode ocorrer de forma direta e sobrenatural: o chamado milagre. Entretanto, Deus concede sabedoria aos médicos e a cura pode ocorrer por meio da ação deles. A ação de Deus na vida de cada ser humano é altamente particular, e com um propósito específico para cada um, fazendo com que experiências de alguns não sejam experiências de todos.


Os psiquiatras são estranhos e misteriosos, não explicam as doenças aos pacientes. Os psiquiatras geralmente estão abertos aos pacientes e a tirar dúvidas, como qualquer outro médico. Às vezes, algumas informações não são transmitidas por não ser o melhor momento e por gerar ansiedade nos pacientes. Além disso, em alguns casos, o psiquiatra recorre a família do paciente, para que possa formar uma rede forte em sua recuperação.


Psiquiatras gostam de internar pacientes em hospícios por longo tempo e até para a vida toda.


Infelizmente, por longo tempo, os pacientes psiquiátricos foram internados em condições precárias em hospícios e casas de repouso, excluídos da sociedade e da família. Tal prática foi mudada por um movimento mundial, chamado Anti-manicomial, que denunciava exageros e defendia um tratamento psiquiátrico sem exclusão social e com humanização. Há leis que defendem os pacientes de tais práticas. Entretanto, os psiquiatras podem indicar uma internação eventualmente, como qualquer outro médico, dependendo da gravidade de cada caso, proporcionando um convívio social e familiar ao paciente tão logo quanto possível.


O tratamento psiquiátrico é muito caro.


Uma pessoa com transtorno mental pode ter grandes prejuízos em seu trabalho, relacionamentos, família e espiritualidade. Estes prejuízos podem trazer outras grandes conseqüências: perdas financeiras, perda de emprego, conflitos conjugais e em relacionamentos em geral. Logo, os benefícios de um tratamento efetivo superam sobremaneira os custos de tratamento.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Por que comer cinco vezes ao dia é o ideal para emagrecer?

COMER VÁRIAS VEZES AO DIA PODE AJUDAR NO PROCESSO DE EMAGRECIMENTO. MAS MUITAS PESSOAS AINDA ACREDITAM QUE, AO REALIZAR APENAS TRÊS REFEIÇÕES POR DIA – CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO E JANTAR – EMAGRECERÃO COM MAIOR FACILIDADE. E QUAL A EXPLICAÇÃO PARA O FATO DE QUE COMER MAIS VEZES AO DIA AJUDA A FICAR EM FORMA?
846657 11835439 e1308151602551 300x157 Por que comer cinco vezes ao dia é o ideal para emagrecer?“Quando ficamos muito tempo sem nos alimentarmos, o metabolismo se torna lento, e nosso organismo entende que ficará um longo período em jejum. Desta forma, toda fonte de energia é armazenada como reserva de gorduras como um sinal de alerta, o que acarretará o ganho de gordura”, explica Liliane Oppermann, médica nutróloga.
Alimentar-se de cinco a seis vezes ao dia faz que o organismo tenha de trabalhar mais para metabolizar os nutrientes, ou seja, ocorre uma aceleração do metabolismo, facilitando a perda de gordura. Apenas o ato de mastigar, engolir, digerir, absorver e transportar nutrientes gera gasto energético, aponta a especialista.
Realizar várias refeições ajuda também a manter o controle do apetite, evitando os exageros e o comer compulsivamente. Em pouco tempo, a pessoa adapta-se e se sente mais saciada com porções menores de alimentos.
Ao comer entre cinco e seis vezes por dia, o metabolismo fica acelerado e, consequentemente, acontecerá queima calórica diária. “Estima-se que dessa forma pode-se aumentar em até 10% o gasto energético total de uma pessoa”, afirma Oppermann.
No comportamento inverso, quando ocorre um jejum prolongado – comer apenas nas “refeições principais” –, o organismo tem maior facilidade de acumular gordura como forma de defesa e garantia de energia em longo prazo, a fim de utilizá-la quando for necessário. “Também não podemos esquecer que em momentos de jejum prolongado o risco de se exceder na quantidade de alimentos na refeição seguinte é muito maior”, alerta a nutróloga.
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quinta-feira, 2 de junho de 2011

A SEXUALIDADE NORMAL E TRANSTORNOS SEXUAIS

ABC da saúde
O comportamento sexual humano é diversificado e determinado por uma combinação de vários fatores tais como os relacionamentos do indivíduo com os outros, pelas próprias circunstâncias de vida e pela cultura na qual ele vive. Por isso é muito difícil conceituar o que é "normal" em termos da sexualidade. 
O que se pode afirmar em relação a isso é que a normalidade sexual está relacionada ao fato da sexualidade ser compartilhada de forma que o casal esteja de acordo com o que é feito, sem caráter destrutivo para o indivíduo ou para o parceiro e não afronta regras comuns da sociedade em que se vive.
A anormalidade pode ser definida quando há uma fixação em determinada forma de sexualidade ou em determinada pessoa, ou ainda quando a pessoa não consegue desfrutar de outras formas de prazer.
A anormalidade pode ser definida quando: 
 
há uma fixação em determinada forma de sexualidade;
a pessoa não consegue desfrutar de outras formas de prazer, como, por exemplo, no voyeurismo em que só consegue obter prazer ao masturbar-se, observando pessoas sem o consentimento delas;
a pessoa não consegue ter relacionamento sexual com outras pessoas.
O que deve ser lembrado é que a sexualidade humana envolve, além do ato sexual em si, outras atividades, como fantasias, pensamentos eróticos, carícias e masturbação.
As fantasias sexuais são pensamentos representativos dos desejos sexuais mais ardentes de uma pessoa e tem a função de complementar e estimular a sexualidade, tanto da realização do ato sexual com um parceiro quanto da estimulação auto-erótica (masturbação).
A masturbação também é componente normal da sexualidade, e consiste no toque de si mesmo, em áreas que dão prazer ao indivíduo (áreas erógenas), que incluem os genitais e/ou outras partes do corpo, com a finalidade de obter prazer.
No ser humano, as sensações sexuais despertadas, seja por fantasias, por masturbação ou pelo ato sexual em si, ocorrem numa sucessão de fases que estão interligadas entre si, que são chamadas de as Fases da resposta sexual humana. São elas: 
 
Desejo:Consiste numa fase em que fantasias, pensamentos eróticos, ou visualização da pessoa desejada despertam vontade de ter atividade sexual.
Excitação:Fase de preparação para o ato sexual, desencadeada pelo desejo. Junto com sensações de prazer, surgem alterações corporais que são representadas basicamente no homem pela ereção (endurecimento do pênis) e na mulher pela lubrificação vaginal (sensação de estar intimamente molhada).
Orgasmo:É o clímax de prazer sexual, sensação de prazer máximo, que ocorre após uma fase de crescente excitação. No homem, junto com o prazer, ocorre a sensação de não conseguir mais segurar a ejaculação, e então ela ocorre; e na mulher, ocorrem contrações da musculatura genital.
Resolução:Consiste na sensação de relaxamento muscular e bem-estar geral que ocorre após o orgasmo que, para os homens em geral, associa-se ao seu período refratário (intervalo mínimo entre a obtenção de ereções). Na mulher, este período refratário não existe: ela pode, logo após o ato sexual ter novamente desejo, excitação e novo orgasmo, não necessitando esperar um tempo para que isso ocorra novamente.
DISFUNÇÕES OU TRANSTORNOS SEXUAIS
Disfunções ou transtornos sexuais são problemas que ocorrem em alguma das fases da resposta sexual humana.
Disfunções Sexuais Femininas
Na mulher, as disfunções sexuais mais comuns são: as inibições do desejo sexual, a anorgasmia, o vaginismo e a dispareunia.
As inibições do desejo sexual ou transtorno do desejo sexual hipoativo, constituem a falta ou diminuição da motivação para a busca de sexo, ou seja, a pessoa não tem vontade de manter relações sexuais.
Isso ocorre mais comumente devido a: 
 
problemas no casamento (brigas, desentendimentos quanto ao que cada um espera do relacionamento)
falta de intimidade
dificuldades de comunicação entre o casal, ou ainda, devido a tabus sobre a própria sexualidade, como, por exemplo, associações de sexo com pecado, com desobediência ou com punições
Inibições decorrentes de traumas sexuais (abuso sexual, estupro)
doenças, a problemas hormonais e ao uso de certas drogas e remédios.
O diagnóstico pode ser feito por médico clínico, ginecologista, psiquiatra ou psicólogo, através das queixas apresentadas pela paciente; dependendo das queixas, pode ser necessária a realização de exames, para se descobrir a origem da falta de desejo.
O tratamento se faz de acordo com a causa. Quando houver problemas clínicos (doenças), a paciente deve ser encaminhada para um especialista, quando necessário (por exemplo, um endocrinologista quando houver problemas hormonais), sendo que cada tipo de diagnóstico vai requerer um tipo específico de tratamento. Entretanto, a maioria dos casos deve-se a problemas psicológicos ou problemas no relacionamento do casal, e esses deverão ser tratados por psicólogo ou psiquiatra, tentando descobrir as causas, compreendê-las e resolvê-las.
anorgasmia ou disfunção orgásmica é a falta de sensação de orgasmo na relação sexual. Pode ser primária, quando a mulher nunca teve orgasmo na vida, ou secundária, quando tinha orgasmos e passou a não tê-los mais. Ainda pode ser classificada em absoluta, quando a anorgasmia ocorre sempre, e situacional quando ocorre só em certas situações (por exemplo, em certos locais em que a pessoa não se sente confortável, ou com parceiro com o qual tenha algum tipo de conflito). A mulher com anorgasmia pode aproveitar plenamente das outras fases do ato sexual, isto é, tem desejo, aproveita as carícias e se excita, porém algo a bloqueia no momento do orgasmo.
As causas da anorgasmia são principalmente psicológicas, envolvendo problemas nos relacionamentos interpessoais, conflitos a respeito da sexualidade, falta de conhecimento do próprio corpo e sensações, dificuldade na intimidade e comunicação do casal em assuntos sobre sexo. Problemas clínicos também podem causar anorgasmia, por exemplo, acidentes que atingem a medula espinhal, alterações hormonais, corrimentos vaginais freqüentes ou ainda anormalidades na forma da vagina, do útero ou dos músculos que formam a região pélvica (região onde se situam os órgãos genitais).
vaginismo é uma contração inconsciente, não desejada, da musculatura da vagina, que ocorre quando a pessoa imagina que possa vir a ter um ato sexual. Essa contração atrapalha ou impede a introdução do pênis, a qual, se for tentada causará muita dor, sendo que na maioria das vezes o casal não consegue ter ato sexual com penetração.
Pode ser conseqüência de uma educação rígida que provocou muitos tabus sexuais gerando conflitos psicológicos, conseqüência de traumas sexuais (estupro ou abuso sexual) ou de experiências sexuais anteriores que tenham causado sofrimento físico.
O diagnóstico é feito em geral pelo ginecologista, através do relato da paciente e também pelo exame ginecológico. O tratamento consiste em identificar e tentar modificar a causa do vaginismo.
Esse tipo de tratamento é feito por ginecologistas ou terapeutas sexuais, e consiste na realização de exercícios genitais com a intenção de conseguir o relaxamento da pessoa, tentando evitar que ocorra a contração no momento do ato sexual e no entendimento das causas psicológicas associadas.
Esse tipo de tratamento é feito por ginecologistas ou terapeutas sexuais, e consiste: 
 
no entendimento das causas psicológicas
na realização de exercícios genitais com a intenção de conseguir o relaxamento da pessoa, tentando evitar que ocorra a contração no momento do ato sexual.
dispareunia é a dor genital que ocorre repetidamente antes, durante ou após o ato sexual.
As causas mais comuns são doenças ginecológicas (tipo corrimento vaginal ou alterações no formato da vagina) ou contração da musculatura vaginal durante o ato sexual, devido a conflitos psicológicos relativos à sexualidade.
O diagnóstico em geral é feito pelo ginecologista, também se faz pela análise das queixas da paciente e do exame ginecológico e o tratamento será de acordo com a causa, isto é, tratamento para a doença diagnosticada, feito em geral pelo próprio ginecologista ou tratamento com psicólogos ou psiquiatras, quando o problema for decorrente de conflitos psicológicos.
Disfunções Sexuais Masculinas
As disfunções sexuais masculinas mais comuns são: a disfunção erétil (impotência) e a ejaculação precoce.
A disfunção erétil conhecida como impotência, consiste na incapacidade em obter ou manter uma ereção que permita manter uma relação sexual, ou seja, o homem não consegue que seu pênis fique e permaneça duro e assim consiga ter relação sexual com penetração.
As causas mais comuns são: 
 
doenças como diabetes, pressão alta, colesterol alto
traumas ou acidentes envolvendo a medula espinhal ou o próprio pênis
o fumo, uso de drogas e alguns medicamentos (principalmente aqueles usados para tratamento de problemas do coração)
abuso de álcool
causas psicológicas (medos ou tabus em relação à sexualidade)
O paciente poderá ser encaminhado ao urologista (especialista que trata esses casos), onde certos exames podem ser feitos para descobrir a causa da impotência.
O tratamento dependerá da causa. Para alguns casos de impotência existem medicamentos ou injeções intrapenianas, que deverão ser usados apenas com prescrição médica, pois são indicados para casos específicos. Próteses penianas ficariam como última opção, pois uma vez colocadas não há como retirá-las, e são indicadas apenas quando nenhuma outra opção funcionou.
É importante lembrar que muitas vezes fatores psicológicos podem causar disfunção erétil. Conversar sobre esses conflitos internos com psicólogo ou psiquiatra podem resolver o problema sem ser necessário outros tipos de tratamento.
ejaculação precoce acontece quando o homem não tem controle sobre sua ejaculação, não conseguindo segurá-la até o final do ato sexual, o que leva a uma redução na sensação de prazer. Assim, a ejaculação pode ocorrer logo que o homem tem pensamentos eróticos e ereção, sem nem ocorrer a penetração, ou ainda logo após haver a penetração. A ejaculação precoce pode ser decorrente de causas físicas (doenças, traumatismos) ou mais comumente de problemas psicológicos. Quando o homem nunca teve controle ejaculatório, o mais comum é que seja por causas psicológicas (como ansiedade, primeiras experiências sexuais tensas ou ainda dificuldades no relacionamento do casal). Mas quando o homem tinha controle ejaculatório e passou a não ter mais, é necessário fazer exames com um urologista e neurologista, pois mais provavelmente a causa do problema é física. O tratamento depende da causa: tratamentos específicos para as doenças encontradas ou lesões diagnosticadas, feitos pelo urologista ou neurologista; ou psicoterapia (tratamento psicológico) para os problemas psicológicos, com psicólogo ou psiquiatra.

domingo, 29 de maio de 2011

Neurociência dá respaldo às psicoterapias, usadas para a solução rápida de transtornos


Publicada em 29/05/2011 às 09h05m
Viviane Nogueira
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Neurônios: a ciência mostra que as terapias, quando bem feitas, provocam alterações neurológicas positivas. Reprodução
RIO - A imagem é um clássico das tiras de humor: um paciente desesperado fala sem parar no divã enquanto o terapeuta faz a lista do mercado, dorme ou fantasia alguma outra coisa. Exagero, é claro, mas na visão de um grupo de especialistas, a proposta para este paciente transtornado seria um cardápio de psicoterapias, com profissionais mais ativos, que dão diagnóstico, sugerem soluções e programam um tratamento a curto prazo. Uma espécie de coaching emocional. Para eles, a psicanálise tradicional é um instrumento de autoconhecimento para pessoas saudáveis debaterem questões filosóficas. Para resolver transtornos, a melhor pedida seriam as psicoterapias.
- A neurociência mostra que as terapias, quando bem feitas, trazem modificações neurológicas. Se eu tenho instrumentos para fazer essas mudanças, por que não fazê-las de forma mais rápida? - questiona o psiquiatra Fábio Barbirato, coordenador dos departamentos de Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia e da Associação de Psiquiatria do Rio, além de membro da Academia Americana de Psiquiatria Infantil.
De 2 de junho a 14 de julho ele coordena o curso "A relação entre neurociência e psicanálise - de Kandel a Freud", na Casa do Saber, no Rio. Em seis aulas, nomes ligados à psiquiatria, psicologia e neurociência como Vera Lemgruber, Fátima Vasconcellos, Analice Giglioti e Mário Juruena, entre outros, vão contar, para um público leigo, o que é possível extrair dessa relação, além de discutir os conceitos das diversas psicoterapias disponíveis para o tratamento de transtornos de comportamento.
- A neurociência permitiu que a psicanálise, que era vista como a única forma de tratamento, passasse a ser uma das opções, e validou as outras - diz a psiquiatra e psicóloga Vera Lemgruber, coordenadora do setor de Psicoterapia da Santa Casa de Misericórdia do Rio.
- Sabemos que, para determinados transtornos, sem os medicamentos chamados buffers (amortecedores), é muito difícil. É como se eles nos ajudassem a passar pelos buracos da estrada da vida. Isso não vai consertar os buracos, mas dá pra passar por eles sem levar tantos trancos e tendo um pouco mais de energia para, numa psicoterapia, questionar o rumo da estrada. Esse trabalho faz com que você reaprenda, seus neurônios fazem novas conexões - explica.
Amortecedores de emoções mais fortes
Ao comprovar o funcionamento do cérebro, a neurociência deu respaldo às psicoterapias que antes se debatiam com as teorias de Freud. Os neurologistas brasileiros Jorge Moll Neto e Ricardo de Oliveira-Souza, por exemplo, explicaram as áreas responsáveis pelo juízo moral e definiram o cérebro dos psicopatas.
- Hoje sabemos, através de testes e exames realizados neste trabalho, que pessoas com hipofuncionamento do lobo frontal têm incapacidade de fazer julgamentos morais e, se houver uma lesão cerebral nessa área, há esse tipo de prejuízo - diz Vera.
Os psiquiatras Fátima Vasconcellos, Fábio Barbirato e Vera Lemgruber: curso na Casa do Saber. Foto: Ana Branco
Com tipos de mapeamento como este, tratamentos para síndrome do pânico, depressão, ansiedade e transtornos alimentares, entre outros, podem ser feitos com um foco específico e em menos tempo para que a pessoa possa retomar a vida. Da mesma forma, questões de melancolia e angústia servem melhor à psicanálise, na opinião dos especialistas.
- Ninguém discute as contribuições da psicanálise na construção de uma teoria de funcionamento cerebral. Mas hoje se fala muito de uma psicoterapia psicodinâmica. Se uma pessoa tem estresse pós-traumático depois dessas chuvas da região serrana do Rio, a gente tem que ser capaz de encontrar uma técnica para tirar a pessoa do buraco. Há necessidade de lidar com a realidade do imediato - diz Fátima Vasconcellos, mestre em Psiquiatria pela UFRJ, professora de Psiquiatria da Universidade Gama Filho e presidente da Associação de Psiquiatria do Rio de Janeiro.
O efeito carambola
Diante da polêmica de que dessa forma se trata o sintoma e não a causa do problema, Vera Lemgruber recorre ao termo efeito carambola para explicar os resultados da técnica focal. A expressão é usada no jogo de sinuca para definir a jogada em que uma determinada bola é atingida pelo taco e, ao se movimentar, atinge outras bolas que não haviam sido tocadas diretamente:
- Se você diagnosticar e trabalhar com foco num problema específico, quando ele for resolvido pode resolver ainda outras áreas sem o coach ao seu lado. Uma síndrome de pânico pode ser curada na maior facilidade quando não representa outras coisas, mas muitas vezes é a expressão patológica de transtorno de dependência - explica.
No caso de crianças o problema é ainda mais grave, já que a infância é curta e não pode ser desperdiçada em tratamentos longos ou errados.
- Hoje se fala muito em hiperatividade e transtorno de déficit de atenção, mas depressão e ansiedade atingem um número até três vezes maior de crianças, com sintomas muito mais complicados. A criança muitas vezes está agitada na sala porque o pai vai buscá-la no fim da aula e fica desatenta. Ela não é hiperativa, tem um quadro de ansiedade. Um bom terapeuta tem que saber identificar isso - exemplifica Fábio Barbirato, que no curso vai justamente explicar aos pais sobre desenvolvimento normal, dizer por exemplo o que esperar de uma criança de 5 anos à luz da neurociência:
- Se os pais esperam que a criança arrume o quarto e faça letra cursiva nessa idade estão errados, porque ela não tem capacidade neurocientífica pra isso, uma região do cérebro precisa estar desenvolvida pra isso e ainda não está. Ao fazer isso os pais podem desencadear um estresse no hipocampo e um quadro de ansiedade.
Já em adultos Fátima Vasconcellos cita o caso do músico Herbert Vianna, paralisado depois de um acidente de ultraleve em 2001:
- Como ele sempre foi muito criativo, o cérebro passa por essa questão da neuroplasticidade: quanto mais se usa, mais ele se desenvolve, mais conexões ele faz. Se eu perder a fala hoje, meu cérebro será estimulado a criar outro circuito de fala para se sobrepor ao que eu perdi.


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